A história de quem sobreviveu aos atentados



Nicole Simpson conseguiu se salvar e deixou a torre sul, a segunda atingida, antes que ela desmoronasse
Na manhã de 11 de setembro de 2001, a planejadora financeira americana Elder Nicole B. Simpson estava no escritório da empresa para a qual trabalhava no 73º andar da torre sul do World Trade Center. Ela lembra que fazia um dia lindo e que tudo caminhava dentro da normalidade, até o momento em que sentiu um forte tremor. Abalo causado pelo choque do 1º avião na torre norte.

Mesmo sem saber o que acontecera, Nicole e os colegas decidiram sair do escritório. "Desci pelas escadas até o 44º andar e entrei no elevador, mas saí imediatamente depois porque não achei sensato usá-lo. Cerca de 30 segundos depois, a torre sul foi atingida e os elevadores despencaram. Explosões em formato de bolas de fogo queimavam as pessoas que estavam pelo caminho".

Segundo Nicole, logo depois foi dada ordem para que deixassem o prédio pelas escadas. "Sabia que estávamos em perigo. Via bombeiros e policiais carregando feridos, mas eu só me desesperei quando cheguei ao mezanino e descobri que não era permitido sair pelas portas principais por conta do perigo dos destroços que caíam e das pessoas que se jogavam das torres". Quando conseguiu sair do prédio, andou por muitos quarteirões sem olhar para trás. "Quando finalmente me virei, vi um avião atravessado no prédio do qual tinha acabado de sair".

Sobrevivente
Nicole sobreviveu ao maior ataque terrorista ocorrido nos Estados Unidos. O atentado que mudou a história do país deixou sequelas profundas. Viver com o trauma tem sido difícil. Ela não dorme mais do que três horas por noite e tem pesadelos frequentes. Para Nicole, os sobreviventes do WTC viveram uma experiência de guerra. "Sofro com crises de ansiedade, depressão e desordens causadas pelo trauma. Faço tratamento, mas foi minha fé que me ajudou a seguir. Eu não acredito que minha vida e nem a de nenhum outro sobrevivente possa um dia voltar a ser a mesma", diz.

Muitos sobreviventes, socorristas, pessoas que trabalharam nos escombros das torres e moradores da região passaram a sofrer também de doenças respiratórias relacionadas à poeira dos escombros. Adicionado aos problemas de saúde, sérias dificuldades financeiras. Os que perderam a única fonte de renda precisaram recomeçar e a ajuda do governo e de organizações não-governamentais nem sempre foi suficiente.

Nicole afirma que recebeu auxílio financeiro até dezembro de 2001. Como tinha uma renda salarial baseada nos projetos dos quais participava, deixou de receber ajuda sob a alegação de que tecnicamente não teria perdido o emprego já que poderia continuar realizando consultorias. "Eu estava doente, a economia em recessão e eu não tinha como ganhar dinheiro".

Mesmo com problemas de saúde e um drástico corte nas finanças, Nicole superou as barreiras e reconstruiu a vida. Virou empreendedora, escritora e palestrante motivacional. Viaja o país ministrando palestras e ajudando pessoas que passaram por situações semelhantes a superar os traumas.

Memória
Ela publicou quatro livros e no mais recente "9/11/01- A Long Road Toward Recovery" (Um longo caminho rumo à recuperação), relata a história e luta de alguns sobreviventes. "Comecei a pensar nesse livro em 2007. Eu me questionava se eles estariam com raiva por terem sido negligenciados e ou rejeitados. O livro capta as emoções dos entrevistados ano após ano e reflete sobre dois pontos principais que as pessoas geralmente não discutem: como os sobreviventes lidam com a culpa de ter sobrevivido e a falta de atenção dada aos que sobreviveram e que sofrem diariamente por causa dessa experiência".

O sentimento que prevalece entre alguns sobreviventes é o de que eles foram deixados à margem dos grandes grupos; os das vítimas fatais e dos "heróis" que lutaram no WTC. Muitos nunca foram convidados a nenhum evento oficial sobre os atentados, nem mesmo para a cerimônia do 10° aniversário que será realizada no Marco Zero. Segundo os organizadores, por limitações no espaço do memorial, a cerimônia será restrita aos familiares das vítimas. Para Nicole, mais um erro entre tantos cometidos. "Foi uma década de prioridades equivocadas. Uma guerra que não trouxe benefício nenhum e que o tempo mostrou não ter sido a decisão mais acertada; uma economia abalada que continua assolando famílias e o esquecimento de pessoas como eu".

Impunidade
Em um ponto, porém, todos compartilhavam o mesmo sentimento: a dor da impunidade. Saber que Osama bin Laden, líder da Al Qaeda responsável pelos atentados, continuava livre e impune, era como manter a ferida sangrando. A morte do terrorista em 1º de maio deste ano foi um momento histórico para o país. "Para muitos de nós foi um alívio. O país precisava assegurar que tudo o que tínhamos passado não seria em vão. Bin Laden representava a face do terrorismo. Como sociedade, depois da morte dele, vimos um vislumbre de que a América ainda é um grande país". Um país que permanece em constante alerta, ameaçado pela possibilidade de novos ataques.

"Dez anos depois, eu estou realmente orgulhosa de que esse evento devastador não destruiu minha vida. Continuamos vulneráveis ao terror, mas eu não acredito que nada tão grave quanto o 11 de setembro vá ocorrer novamente. Acredito que ser atacado se transformará em um estilo de vida", avalia Nicole Simpson.

MAIS INFORMAÇÕES
Em setembro, parte da venda do livro 9/11/2001 - A long Road Toward Recovery será doada a programas para sobreviventes do WTC.

ReconstruçãoNova York responde com nova torre
Nova York. Depois de anos de trauma com os atentados que destruíram as Torres Gêmeas, a cidade prepara-se para responder ao desafio e começar a curar a ferida levantando mais um arranha-céu. 

Perder as duas torres do World Trade Center em questão de minutos, no dia 11 de setembro de 2001, com mais de 2.000 pessoas, afetou a confiança de uma cidade que possui os arranha-ceús em seu DNA.

O que surgiu de todas as discussões foi um plano de construir um World Trade Center completamente novo.

A torre principal, One World Trade Center, que está cerca de 75% construída, alcançará 1.776 pés (541 metros), tornando-se o prédio mais alto dos EUA. Seu comprimento em pés (unidade de medida nos EUA) corresponde ao ano da independência do país. A segunda torre do complexo será um pouco menor e as de número três e quatro, ainda mais.

Entre as novas construções, haverá um museu do 11 de setembro e o memorial propriamente dito, que consiste em duas imensas fontes quadradas situadas no lugar exato onde se erguiam as Torres Gêmeas. 

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, afirmou que a reconstrução é uma mostra de que a cidade já superou o trauma dos atentados.

KAROL NASCIMENTOESPECIAL PARA O DIÁRIO DO NORDESTE




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